BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PASTORAS - UMA QUESTÃO DE VISÃO

* Pr. Fernando Cintra
Ainda que o debate sobre ser bíblico ou não ser pastora, já seja exaustivo, não há como negar que na boca dos que são contrários ele sempre aparece e, é claro, com a afirmação de que a Bíblia não endossa o ministério pastoral feminino. As respostas por parte de quem defende, geralmente são mostrar alguns textos em que a mulher é colocada em situação pastoral.

Com certeza, isto é parte, mas não é suficiente. Por mais que se mostre os argumentos, os que não concordam com o ministério pastoral feminino não poderão ver porque estão míopes quanto à maneira de olharem os textos bíblicos. Aqui não há nenhuma intenção de ofender quem quer que seja, mas sim procurar ampliar a compreensão do assunto.

Sem querer ser simplista, mas sendo: tudo é uma questão de visão.

Tudo começa pelo olhar. Para os que rejeitam a função pastoral feminina seus olhares estão centralizados na razão, na filosofia iluminista, machismo e no pensamento que despreza os sentidos e a simplicidade da existência humana. O olhar é posto sobre as Escrituras e penetram apenas onde os olhos humanos podem ir. É limitado. É embaçado pela ideologia adquirida ao longo dos anos. Faz-se necessário buscar a ajuda do Espírito Santo que, como uma lupa, aumenta a nossa visão e nos ajuda ver em maior profundidade a vontade de Deus para as nossas vidas, de sua igreja e Reino.

Ao permitirmos este acontecimento em nossas vidas recuperaremos o valor da sexualidade oposta, no caso feminino, a questão do corpo da mulher e todo signo implícito a esse. O corpo que, independente da sexualidade, se faz sinal do Reino e das possibilidades de Deus para a realização de seus planos.
É necessário uma nova leitura a partir do resgate do feminino nos textos bíblicos.

Por exemplo, ver Eva, a mãe dos viventes, mais do que a tentadora do seu parceiro Adão. Matriarcas como Sara, Rebeca e Lia, tão importantes como os patriarcas. O êxodo e a libertação do Egito a partir da articulação de mulheres, parteiras e mães. Raabe como aquela que possibilitou a posse da terra pelo povo. Débora e Jael que tiveram papel decisivo no processo de formação de Israel e no início da profecia. Hulda que foi a profeta que mediou uma grande reforma em Israel. Rute, Judite e Ester como projetistas da força do povo bíblico. A jovem amante ousada do Cântico dos Cânticos que proclama a força do amor.

Ainda é preciso olhar para Jesus que, em qualquer dúvida que tenhamos, serve de padrão regulamentador. No seu discipulado, teve mulheres que o seguiram desde a Galiléia, estiveram presentes ao pé da cruz e foram as primeiras apóstolas da ressurreição. Há mulheres ligadas à palavra como Maria Madalena, Marta e Maria. Há mulheres curadas e reintegradas à diaconia como a sogra de Pedro, a hemorrágica, a filha de Jairo e a mulher encurvada. Há mulheres evangelizadoras, como a Samaritana e a siro-fenícia. Nas comunidades, há mulheres que protagonizam o culto e a profecia como as de Corinto. E ainda Priscila, Lídia, Febe, Maria e tantas outras.

Qual é a visão? O que se precisa ver? Em toda a Escritura a chave é: Deus está construindo uma nova comunidade. Começa do ponto cultural e social, isto é, histórico, do povo, e caminha rumo a uma sociedade onde contraria valores marcados pela discriminação, casta, injustiças e opressões. O eixo sai de uma sexualidade masculina, passa pela possibilidade de uma sexualidade feminina em questões ligadas a direitos, deveres, poderes e descortina na oportunidade ilimitada para o ser em toda sua potencialidade e oportunidades.

Por isso é preciso desconstruir os textos, ou melhor, dizendo, precisamos desconstruir a maneira como fomos ensinados a ler os textos. Se eu fosse da esquerda ia até dizer que precisamos desconstruir os interesses que os escritores, escribas bíblicos tiveram ao escreverem algumas situações, como por exemplo, o papel da mulher na Monarquia que foi praticamente aniquilado, mas não sou. Sou, digamos, moderado em questões hermenêuticas. Basta desconstruir a tradição. A que recebemos. O processo de desconstrução supõe desfazer processos viciados que produziram o texto, analisar as entrelinhas, buscar o que está por trás das palavras. Desconstruído o texto, é preciso reconstruí-lo com novas relações de gênero, em que mulheres e homens, possam construir novo modo de ser. A reconstrução do texto implica em buscar novos paradigmas, descobrir novas mensagens no texto refeito.

Portanto, aceitar pastoras é uma questão e sempre será de visão. Visão ampliada, em nova direção, profunda, que venha realmente da ação do Espírito Santo através de sua igreja que é maior do que seus próprios líderes e interesses.
*
http://fernandocintra.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Parabens ao pastor Fernando cintra, pela visão firmada na LUPA ( Espirito Santo) e, pela pastora que tem ao seu lado. o ministéria ganha.

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