BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
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segunda-feira, 27 de maio de 2013

NÃO SEJAMOS INJUSTOS COM AS MULHERES VOCACIONADAS PARA O MINISTÉRIO PASTORAL


*Pr. Helmuth Scholl
Eu tinha me proposto a não me manifestar a respeito do assunto, mas não me contive, diante de tantas injustiças que estão sendo feitas para com nossas queridas irmãs, que têm realizado ministérios com muito amor e dedicação, em cumprimento ao chamado que elas têm recebido do Senhor.

Tem sido alegado que no NT não há pastoras, por isso não devemos ter pastoras hoje. No entanto, na Bíblia não existe Ordem dos Pastores da forma como nós a temos hoje; nem concílio para aprovar candidatos à ordenação como nós o temos hoje. Esses são procedimentos eclesiásticos para reger nossas práticas denominacionais. São necessárias e úteis para que haja regras e procedimentos uniformes e cada um não faça as coisas a seu bel prazer.

No entanto, dizer que o NT é contrário à ordenação de mulheres é um equívoco na interpretação de textos bíblicos. Chega facilmente à conclusão de que não há base bíblica para a ordenação de mulheres, quem interpreta a Palavra com as lentes da sua preferência e, permita-me, um tanto machista. O que é e significa a ordenação de pastores, hoje, para os batistas? Creio que, em essência, é o reconhecimento denominacional de que a pessoa tem um chamado de Deus para o exercício do ministério, para o qual ele estudou, se preparou, fez estágio e já demonstrou que está apto para o seu exercício. Portanto, a palavra reconhecimento define muito bem o que significa a ordenação.

Bem, tratando-se de mulheres, nossas igrejas estão cheias de irmãs preciosas, que têm convicção de terem um chamado especial de Deus para um ministério no Reino de Deus, seja no trabalho com crianças ou com outra faixa etária; seja na música, no ensino, no evangelismo e missões, na liderança, etc. Muitas dessas irmãs estudaram por vários anos para se prepararem melhor para exercerem melhor o ministério que o Senhor lhes confiou. Muitas delas pregam em cultos nos lares, nos templos, são convidadas para serem preletoras em eventos, etc. Muitas são solteiras, outras são casadas; muitas são esposas de pastores e ajudam os maridos no seu ministério. Aliás, o ministério de muitos pastores é o que é, graças à sua esposa. Claro, sei que também há casos onde o pastor realiza o ministério e faz, apesar da esposa que tem. No entanto, a maior parte dessas irmãs, que trabalham duramente na obra, não reclama o direito de terem seu ministério reconhecido pelos homens. Trabalham na surdina, na retaguarda, sem alarde, sabendo que o seu trabalho não é vão no Senhor. Trabalham por amor a Deus e às pessoas, fiéis ao ministério para o qual o Senhor as chamou. Portanto, dizem que não precisam ser chamadas de pastoras para serem felizes no ministério; pois estão trabalhando para Deus e não para os homens.

A maioria dos homens que são contrários à ordenação de mulheres, se beneficiam do ministério delas. Não são contrários que elas arregacem as mangas e trabalhem duro nas igrejas e nos campos missionários. No entanto, quando for para reconhecer o ministério delas através da ordenação, ou de salário, aí sim, são contrários; encontram dezenas de versículos bíblicos, interpretados de forma duvidosa, um tanto machista, para dizerem que Deus não aprova, e por isso são contra também. Acho lastimável essa postura e tenho certeza que Deus se desagrada muito mais dos nossos preconceitos e machismos, que que do zelo e medo de não estarmos errando, se concordarmos com a ordenação de mulheres.

Nosso país está cheio de missionárias nos campos, trabalhando com dedicação, produzindo frutos, mais que muitos missionários homens. E ninguém é contrário ao seu trabalho. Todos aplaudem o trabalho das missionárias no campo, evangelizando, ganhando vidas para Cristo, pregando, discipulando, aconselhando e fazendo mais que muitos dos seus colegas homens. Fazem todo o trabalho de preparação, por exemplo, mas não podem batizar porque não são consideradas aptas; ou seja, não são pastoras. Quanta injustiça para com nossas irmãs.

Outras mulheres, casadas com pastores, igualmente podem dar duro no ministério, apoiando e motivando seu marido; não estão na vitrine e querem estar; pois, como já disse, elas sabem que trabalham para o Senhor e não para os homens. Mas quantas vezes elas são esquecidas na hora do reconhecimento do trabalho. Seu marido pastor é quem recebe as homenagens, é ele quem aparece, que pode batizar as pessoas que a esposa preparou, é ele quem recebe o salário, etc., etc. Ela trabalha de graça, e sem reconhecimento. Pergunto: é isso que Deus ensina na Sua Palavra? É disso que o Senhor se agrada?

Concordo que na nossa sociedade atual haveria algumas dificuldades a mais para algumas mulheres serem pastoras e exercerem o seu ministério plenamente, de forma ininterrupta, semelhantemente aos homens. Além das limitações e dificuldades próprias às mulheres, como a gestação, amamentação, cuidado aos filhos pequenos, etc., se a pastora for casada com um homem que não for pastor, enfrentará outros problemas; talvez mais preconceitos do que problemas, propriamente dito. Mas essas limitações não são restrições bíblicas. Com isso não podemos dizer que Deus é contrário à ordenação de mulheres.

Quem é contrário à ordenação de mulheres por medo de errar e apoiar uma prática contrária à Palavra de Deus, deveria, também, se preocupar para não ser injusto com as nossas queridas irmãs, ardorosas servas do Senhor, convictas do seu chamado, que tentam cumprir com dedicação e amor, sem apoio dos homens que, muitas vezes mais dificultam do que facilitam as coisas para elas. Não deveríamos perder tanto tempo tentando encontrar textos bíblicos que nos proíbem ou permitem ordenar mulheres. Creio ser muito mais bíblico, nós amarmos as pessoas como nos amamos a nós mesmos; nós reconhecermos o ministério das irmãs que têm comprovado pela vida o chamado que receberam do Senhor.

Nenhuma igreja será obrigada a convidar uma mulher para ser sua pastora; como também nenhuma igreja é obrigada a convidar fulano ou sicrano, para ser seu pastor. Teremos igrejas que nunca convidarão uma pastora. Da mesma forma, teremos muitas irmãs trabalhando duro no ministério, e que jamais almejarão serem ordenadas pastoras, nem querem tal reconhecimento. Continuação trabalhando para Deus na surdina, na retaguarda, cientes que um dia receberão o seu galardão nos céus. No entanto, vamos ser justos com aquelas irmãs que se sentem chamadas por Deus para serem pastoras, e cujas vidas e ministérios comprovam o chamado. Sejamos, no mínimo, coerentes, movidos pelo grande amor do Senhor.
*Diretor adjunto da Convenção Batista Pioneira.

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